midiautoria

Midiautoria é um espaço para se falar sobre ser autor em uma sociedade midiatizada. Sentidos circulam nos/ por intermédio de diversos instrumentos tecnolingüísticos, constituindo efeitos de sentidos. Pensar, aqui, sobre as materialidades e suas potencialidades para um processo de autoria, que implica sempre heterogeneidade, acaba por nos colocar no movimento de ser autor.

Nome:

Doutora em Educação e estudiosa na área de tecnologia, em uma perspectiva discursiva.

28.8.07

Reforma Ortográfica

Reforma estúpida
Mais uma vez, burocratas de pouco tino pretendem enfiar-nos uma reforma ortográfica goela abaixo. Segundo reportagem da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL), as mudanças podem começar já no ano que vem. Há aí dois despropósitos e uma sacanagem.
Em primeiro lugar, a reforma proposta é ruim: gasta-se muita energia para obter avanços menos do que tímidos em termos de unificação da escrita dos países lusófonos. Isto, é claro, se Portugal comprar o pacote, o que talvez não faça. Em segundo e mais importante, é errado e inútil tentar definir os rumos de uma língua natural.
Só vão sair ganhando aqueles editores mais ágeis, que já têm prontos dicionários, gramáticas, cursos de atualização e material didático de acordo com a "nova ortografia" --e é aí que reside a esperteza.
Nunca foram meia dúzia de consoantes mudas --como nas formas lusitanas "adopção" e "óptimo"-- que constituíram barreira à intercomunicabilidade entre leitores e escritores dos dois lados do Atlântico. O mesmo se pode dizer do trema, das quatro ou cinco regras de acentuação que serão alteradas e das sempre exóticas disposições sobre o hífen --os demais pontos que a reforma abarca. Se há empecilhos à boa compreensão entre falantes do Brasil, de Portugal e de países africanos e asiáticos (não nos esqueçamos de Timor Leste), eles estão na escolha do léxico e no uso de expressões locais, felizmente ao abrigo da sanha legiferante de dicionaristas e parlamentares.
Línguas são como organismos vivos: nascem, crescem e morrem. Numa palavra, evoluem. Só que, ao contrário de entidades compostas por moléculas de carbono e codificadas por genes, fazem-no principalmente pelo que os biólogos chamam de "genetic drift" (deriva genética), isto é, sem muita seleção --até pode haver alguma competição entre idiomas, mas bem menos do que entre indivíduos. Escrever "super-homem" ou "superomem" não torna o português mais ou menos apto a sobreviver no mundo lingüístico.
E, se há algo especialmente desimportante para determinar o sucesso ou fracasso de um idioma, é a ortografia tomada isoladamente. Analisemos o caso do inglês, indiscutivelmente o idioma de maior prestígio hoje no mundo. A complexidade de sua ortografia, que é muito pouco fonética, já gerou toda uma mitologia. O escritor Mark Twain, por exemplo, propôs em tom de chiste que a palavra "fish" ("peixe") fosse escrita "ghotiugh", em que o "gh" soa como "f", como ocorre em "enough" ("bastante"); o "o" tem som de "i", como em "women" ("mulheres"); o grupo "ti" vale por "ch", como em "nation" ("nação"); e o grupo "ugh" não tem som algum, como em "ought" ("dever").
Só que o problema ortográfico do inglês, apesar de trazer mesmo uma série de dificuldades, em especial na alfabetização de crianças e no aprendizado como língua estrangeira, revelou-se também um dos ingredientes que, ao lado de outras características, tornaram-no uma língua extremamente versátil, o que contribuiu para o seu sucesso. Com efeito, a anomia ortográfica aliada ao despojamento dos sistemas nominal e verbal trouxe uma vantagem insuspeitada. Como as palavras podem ser escritas de qualquer jeito mesmo e substantivos se tornam verbos sem a necessidade de nenhuma adequação morfológica --em português, para tornar-se verbo, é preciso obedecer à flexão, recebendo, por exemplo, um "r" no infinitivo, como em "amar"--, a língua ganha uma enorme flexibilidade. Praticamente qualquer palavra estrangeira pode ser assimilada em sua forma original. Nenhum termo fica estranho demais para "soar" inglês. Mais do que isso, pode tornar-se, além de um simples nome, também um verbo. É o caso de "toboggan" ("tobogã" e também "fazer tobogã") que veio do idioma algonquino "ipsis litteris". O inglês é, nesse sentido, uma língua perfeita para a era da globalização e, não por acaso, aquela com maior número de vocábulos, boa parte dos quais emprestados de outros povos.
O "genetic drift" também faz com que idiomas possam conservar traços imemoriais sem que isso implique custos demasiado altos. Tal característica torna as línguas naturais verdadeiros palimpsestos, capazes tanto de assimilar modismos criados na véspera como de guardar relíquias herdadas de idiomas muito mais antigos. Seu curso, ainda mais que o da seleção natural, é absolutamente imprevisível. Vale a pena investigar dois ou três casos.
Para o termo "beócio", por exemplo, o dicionário Aurélio registra: "curto de inteligência; ignorante, boçal". Se olharmos para a etimologia, descobriremos estar diante de um preconceito das elites gregas, para as quais os habitantes da província da Beócia --os beócios-- não passavam de camponeses estúpidos e glutões. O sentido de glutonaria se perdeu, mas o de estupidez se manteve em várias línguas modernas.
Obviamente, não eram apenas os gregos os arrogantes e intolerantes. Os judeus do século 12 a.C. também tinham seus desafetos, mais especificamente os filisteus, com quem viviam guerreando. Foi assim que, em hebraico, "pelishti" ganhou conotações pouco abonadoras, que, passados 33 séculos, continuam existindo no português contemporâneo. Para "filisteu" o dicionário Houaiss traz: "aquele que é ou se mostra inculto e cujos interesses são estritamente materiais, vulgares, convencionais; que ou aquele que é desprovido de inteligência e de imaginação artística ou intelectual".
Freqüentemente, surgem bem-intencionadas patrulhas lingüísticas tentando corrigir as injustiças. Ainda não vi ninguém propondo eliminar "beócio" e "filisteu" de nosso léxico, mas acho que a sugestão não apareceu mais por desconhecimento do que por falta de disposição. Recente cartilha do governo federal queria limar termos "preconceituosos" como "anão", "aidético", "barbeiro", "beata", "comunista", "xiita", "funcionário público", "peão". Escrevi algo a respeito na coluna "Tributo à estultice".
Tais esforços, além de tolos, acabam muitas vezes tendo efeito muito diferente do inicialmente imaginado. É o caso da palavra "cretino". Em regiões montanhosas, como a Suíça, são pobres as fontes de iodo ambiental, o que, antes do processo de iodatação do sal de cozinha, tendia a provocar alta prevalência de hipotireoidismo congênito (ou cretinismo). Como os bons helvéticos já eram politicamente corretos "avant la lettre", recusavam-se a chamar as crianças afetadas pela síndrome pelo nome de "idiotas". No século 18, passaram a usar o mais piedoso termo "cristão", que soava "crétin" no francês dialetal ali falado. Acabaram inventando, sem querer, a palavra "cretino", hoje de alcance mundial e politicamente incorreta. Preconceitos podem até ser reforçados pela língua, mas são capazes de sobreviver muito bem sem ela.
A lição a tirar dessas historietas é que é bobagem tentar legislar sobre um fenômeno tão complexo como a linguagem. Uma analogia válida seria a de deputados tentando baixar uma lei para regular a taxa de mutação do gene p53. Não vai dar certo. Quer dizer, a reforma poderá até nos levar a escrever as palavras de um geito (sic) diferente, mas isso em nada alterará a essência ou os processos da língua e não chegará nem perto de tornar as muitas variantes do português mais intercompreensíveis. Ao contrário, irá apenas criar o incômodo de exigir de alguns milhões de usuários que percam algum tempo para aprender as novas regras cuja arbitrariedade só não é superada pela inutilidade. Se há algo a ser eliminado, não são acentos e hifens, mas a estultícia de burocratas.

Hélio Schwartsman, 41, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

E-mail: helio@folhasp.com.br

25.8.07

Arte, Tecnologia, Visibilidade, Google


VanityRing
A project by Markus Kison.
Signficativa representação de uma das relações entre sujeito e mídia.




Projectdescription
While in earlier times richness and importance were equal to the amount of money or jewels someone possessed, in a post information society it's the attention you get from the worlds people, that counts. Being in people's mind means being important, whether they think about you in a positive way our not doesn't matter. And what people have in their mind is what they read in the media. In the future this will mean, what they read/see on the net. Every content creator that copies and pastes your name will rise the value of your virtual mirrored importance. And there is a hard mechanical algorithm on the net, that extremely objectively measures your appearance, it's called Google and has already passed the "line of no return" (Bruce Sterling). In most job interviews the personnel manager will already use this machine to check your importance and have a look at the first answers this mirror tells about you. Your mirror identity strikes back on your chances in the real world.

The VanityRing focusses on this development, taking it to an ironic peak. Rings are well known status symbols, and the included jewel's weight in carat is a comparable value for the personal ranking of its owner (the largest two diamonds are in the British crown jewels). The VanityRing doesn't have a jewel, instead it shows the number of hits one gets, when he searches Google for the name of the person who wears it, a more adequate value in our time. It is personalized using a custom software, and after the name is typed the ring will change its display to show the personal "attention carats", while every night, when it is inserted into its docking station the ring is reloaded and updated.

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23.8.07

Portal E-Book

Docentes, pesquisadores e alunos da USP, Unesp e unicamp terão acesso a um acervo de 188 mil livros eletrônicos no Portal E-Books.
As coleções disponibilizadas são bem interessantes e contemplam diversas áreas. É lamentável que não seja um acesso livre, dependendo de uma vinculção à universidade para obter uma senha.
A questão dos e-books nos remete a Orlandi e a Chartier.
Para Orlandi(1996),"distintas materialidades sempre determinam diferenças nos processos de significação".
Para Chartier(2003),as mudanças nos modos de organização e estruturação do suporte da escrita modificam usos, circulações, interpretações de um "mesmo" texto.
Desenvolvi uma análise a partir das considerações desses autores em minha tese sobre a Revista Escola e o site Escola On-line , disponível no site da Unicamp
ORLANDI,E. Interpretação. Petrópolis, Vozes, 1996.(Há uma nova edição pela Pontes)
CHARTIER,R. Formas e Sentido. Cultura escrita: entre distinção e apropriação. Campinas,SP, Mercado de Letras/ALB, 2003.

16.8.07

Domínios


E eu que pensava que .org era só para entidades não-governamentais sem fim lucrativos...

Veja A Dot-Org Stresses That It’s No Dot-Com

13.8.07

Condições de produção de sentidos

Muito interessante o diálogo entre Burke Hansen e Jeremy Malcolm no site The Register
Hansen, após participar da mais recente reunião da ICANN em San Juan, afirma que o IGF ainda está procurando alguma coisa para governar. Hansen afirma ainda que,após uma hora de discussão sobre o tema, durante a reunião, não tem a menor idéia do que o IGF realmente faz, ou se ele tem até algum poder pra fazer alguma coisa. Acredita que o IGF tem muito trabalho se quiser ser considerado alguma coisa mais do que uma versão castrada da ICANN.
A isso, Malcolm reafirma o papel do IGF e destaca que alguns estão tentando esvaziar o acordo alcançado no WSIS, de modo que até o poder de fazer recomendações seja retirado do IGF. Por isso, afirma Malcolm, Hansen teve dificuldades de entender o papel do IGF, baseado em discussões na reunião da ICANN.

As instituições e suas formações histórico-ideológicas não podem ser deixadas de lado na compreensão discursiva, enquanto condições de produção de sentidos.

12.8.07

Direitos Civis e Vigilância

Como já afirmou Orlandi(2004),pensar a cidade significa pensar em excesso, em aglomeração, quantidade. Vejo hoje, no NYT, notícia que indica vigilância aos cidadãos em um nível propiciado pela tecnologia que pode ser entendido como demasiado, excessivo. Seria uma junção esperada: cidade, tecnologia, vigilância? Não me parece, já que pode haver caminhos de segurança que não firam os direitos civis.
China Enacting a High-Tech Plan to Track People

ORLANDI,E.P.Cidade dos Sentidos.Campinas,SP:Pontes,2004.

11.8.07

Les réfugiés du Net


Souvent d'un confort feutré avec leurs spacieuses bibliothèques de mangas et de DVD, leurs box au fauteuil moelleux séparés par de minces cloisons à mi-hauteur et leurs distributeurs de boissons, sandwichs ou bols de nouilles instantanées, les cafés Internet qui fonctionnent 24 heures sur 24 sont les nouveaux repaires des jeunes Japonais.
La plupart viennent pour surfer sur le Web, d'autres pour tuer le temps, regarder la télévision ou se reposer dans la pénombre d'un lieu confortable, loin du brouhaha des rues des quartiers animés. Certains en ont fait leur tanière. Ce sont les "réfugiés du Net" : des jeunes de 20 à 30 ans qui naviguent d'un petit boulot à l'autre et ne gagnent pas assez pour se payer un logement ou une chambre d'hôtel. Dans les cafés Internet, ils peuvent passer six heures pour 1 500 yens (9 euros) ou moins dans les quartiers périphériques. La plupart des grands établissements disposent d'une centaine de box.
Minuit passé. Devant la machine à boissons chaudes, il attend que son gobelet se remplisse. La trentaine, jeans et tee-shirt bleu, les cheveux en broussaille. "Cool" comme des milliers de ses congénères croisés auparavant dans les rues du quartier branché de Shibuya à Tokyo. "Vous, vous cherchez un nouveau pauvre ?, dit-il, avec un sourire amer. Bingo ! Vous l'avez. Trente ans, une vingtaine de boulots sans lendemain. Depuis trois mois, je vis ici avec un petit sac et des sous-vêtements jetables. Je suis un "one call worker" : enregistré auprès d'une agence de placement qui m'appelle sur mon portable quand il y a un boulot. Dans les 1 000 yens de l'heure. Je dépense 1 500 yens pour ma nuit. Je mange dans des McDo. Humiliant, non ? Le gouvernement parle de "seconde chance" pour les perdants comme moi, poursuit le jeune homme. Mais y en a marre : on ne quémande pas une chance, un coup de bol. On veut une vie décente, c'est tout. Mon nom ? Je suis personne dans cette société." Dans le gobelet, le café refroidit. Il le prend, puis, sur un "Salut !", part vers son box.
Les cafés Internet offrent un condensé de la société japonaise contemporaine : prospère, lisse et efficace en surface, mais parcourue d'ondes souterraines dénotant malaise et dysfonctionnements. Dans les cafés Internet les plus modernes, ceux des quartiers animés, l'accueil est digne d'un hôtel. Atmosphère feutrée et services multiples. Fondus parmi les clients - car rien dans leur apparence ne les distingue vraiment - se nichent les jeunes paumés.
Après une décennie de récession, la machine productive nippone est repartie, mais elle laisse sur le carreau nombre de jeunes. Ce sont des "freeters" (mot composé de l'anglais free et de l'allemand arbeiter, désignant ici ceux qui font des petits boulots, c'est-à-dire des jeunes en situation précaire). Ayant grandi dans le Japon de la "bulle financière" de la fin des années 1980, ils sont arrivés sur le marché du travail à la fin de la "période glaciaire" de la récession, quand les entreprises soucieuses de réduire les coûts ont sabré dans l'emploi permanent pour privilégier le travail temporaire. Ils forment ce que le quotidien Asahi a baptisé la "génération perdue".
Le gouvernement estime à 1,8 million le nombre des freeters, filles et garçons. Si, au début de la décennie, on a pu voir en eux l'expression des valeurs individualistes d'une génération plus orientée vers des satisfactions personnelles que ses parents dévoués à l' entreprise, beaucoup ont découvert que leur situation est moins synonyme de liberté que de précarité.
Aux largués de la reprise, freeters et jeunes désargentés arrivés de la campagne qui n'ont pas de quoi payer un loyer et encore moins les trois mois d'avance pour obtenir un logement s'ajoutent ceux que des sociologues anglais ont baptisés "neet" (Not in Education, Employment or Training). Ils ne sont pas étudiants ni en formation : ils dérivent. D'entrée de jeu, ils ont baissé les bras. Pour la plupart, ce sont des adolescents introvertis qui refusaient d'aller à l'école (phénomène préoccupant dans l'Archipel depuis une décennie). Adultes, ils restent refermés sur eux-mêmes. Ils seraient 800 000.
Les neet sont un symptôme du malaise d'une société devenue férocement compétitive, qui condamne leur inadaptation, la mettant au compte de la fainéantise. Un message qu'ils reçoivent comme une négation de leur droit à l'existence. Les neet forment une bonne partie des jeunes qui se suicident. Comme eux, beaucoup de freeters ont le sentiment d'être pris dans une nasse.
Les quelque deux mille cafés Internet que compte le Japon sont moins chers qu'un sauna ouvert toute la nuit ou que les "hôtels capsules", aux couchettes superposées comme dans un wagon-lit. Et les boissons sont gratuites. La nuit, les plus grands sont pleins.
Outre la faune des habitués (10 % selon les employés), qui viennent pour quelques semaines, voire quelques mois, on y côtoie des salariés qui ont raté le dernier train. Ils ronflent les pieds sur la tablette de l'ordinateur dans les fauteuils inclinables des petits box de 2 m2, où l'on se déchausse avant d'entrer. Çà et là, dans les compartiments à deux, des couples profitent de la pénombre complice pour se caresser discrètement. Certains sont des lycéens qui ont raconté à leurs parents qu'ils dormaient chez un copain ou une copine. Devant d'autres box sont posées des chaussures à talons hauts : des filles de la nuit (hôtesses de bar et autres) qui attendent les premiers métros. Au petit matin, tout ce petit monde s'ébroue vers les douches de l'établissement. Certains ont même une salle de sport.
Les réfugiés du Net sont l'une des facettes de la nouvelle pauvreté nippone, fille d'une inégalité croissance entre ceux qui ont un travail fixe et les autres. Une disparité qui passe désormais par un clivage entre générations.
Philippe Pons
Article paru dans l'édition du 10.08.07.

Evento Mídia Locativa


Mídia Locativa é um conjunto de tecnologias e processos info-comunicacionais cujo conteúdo informacional vincula-se a um lugar específico. Locativo é uma categoria gramatical que exprime lugar, como ?em?, ?ao lado de?, indicando a localização final ou o momento de uma ação. As mídias locativas são dispositivos informacionais digitais cujo conteúdo da informação está diretamente ligado a uma localidade. Isso implica uma relação entre lugares e dispositivos móveis digitais até então inédita. Esse conjunto de processos e tecnologias caracteriza-se por emissão de informação digital a partir de lugares/objetos. Esta informação é processada por artefatos sem fio como GPS, telefones celulares, palms e laptops em redes Wi-Fi ou Wi-Max, Bluetooth, ou etiquetas de identificação por rádio freqüência, RFID. As mídias locativas são utilizadas para agregar conteúdo digital a uma localidade, servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento, geoprocessamento (GIS), localização... Dessa forma, os lugares passam a dialogar com dispositivos informacionais, enviando, coletando e processando dados a partir de uma relação entre informação digital, localização e artefatos digitais móveis. Várias empresas, mas também artistas e ativistas, têm utilizado a potência das mídias locativas como forma de marketing, publicidade e controle de produto, mas também como escrita e releitura do espaço urbano, como forma de apropriação e resignificação das cidades.
(André Lemos)

Universal Music e DRM

O maior conglomerado musical do mundo - Universal Music - venderá uma boa parte de seu catálogo sem a cópia de proteção conhecida como DRM - Digital Rights Management, segundo The New York Times de 10 de agosto.
Universal Music Will Sell Songs Without Copy Protection
A decisão não é definitiva. Na verdade, é um teste, que se desenrolará até janeiro, permitindo aos executivos estudarem a demanda de consumo e algum efeito na pirataria online. Segundo o Jornal, a adoção dessa prática permanentemente exerceria pressão nas outras companhias e poderia gerar um debate mais abrangente sobre como tratar as questões de propriedade intelectual na era digital.

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9.8.07

Timor Leste e Língua Oficial

"Penosa matéria obrigatória em um novo país: Língua Portuguesa DILI, Timor Leste - O ruído de um gerador e o chiado de ventiladores de teto abafaram as palavras calmas de um juiz, que fazia perguntas a uma testemunha em um julgamento de assassinato durante uma tarde quente.

Mas mesmo se tivesse sido possível escutá-lo, a maioria das pessoas espalhadas pela pequena sala do tribunal, inclusive o réu e a testemunha, não teriam entendido o que ele dizia.

O juiz estava falando em português, a mais nova língua a ser usada nos tribunais, escolas e no governo - uma língua que a maioria das pessoas no Timor Leste não fala.

As línguas mais faladas na outrora colônia portuguesa são o tétum, língua dominante, e indonésio, a língua do gigante vizinho do Timor Leste.

Por um quarto de século, o português foi aí uma língua morta, falada somente pelas gerações mais velhas. A língua foi banida após a Indonésia ter anexado o Timor Leste ao seu território em 1975, e ter imposto aos timorenses seu próprio idioma.

Em uma confusa reviravolta, uma nova Constituição impôs novamente a língua portuguesa, logo após o Timor Leste ter conquistado sua independência em 2002. Então, os marginalizados se tornaram novamente a tendência, e vice versa.

A conveniência lingüística foi sacrificada pela política e pela emoção. Em um país que nunca foi governado por si próprio e que tem tão poucos símbolos de coesão nacional, essa língua de resistência aos colonizadores indonésios era um emblema - particularmente para a geração mais antiga – de liberdade e de identidade nacional.

A escolha trouxe um emaranhado de complicações, privando de direitos civis a toda uma geração de falantes do indonésio e introduzindo uma nova barreira lingüística em meio a tantos outros problemas já enfrentados pelo país.

Além de trabalhar para prover saúde, educação, serviços públicos, emprego e até mesmo comida para seu povo, o Timor Leste está envolvido agora em um tortuoso caminho de aprendizagem de sua própria língua oficial, tendo de importar vários professores de Portugal para ajudarem nessa tarefa.

"Eu já conclui dois níveis de português, mas ainda não falo muito bem, somente português básico," disse Zacharias da Costa, de 36 anos, um professor de Gerenciamento de Conflitos da Universidade Nacional do Timor Leste.

Dentro de cinco anos, de acordo com o planejamento do governo, ele terá de lecionar todas suas aulas em português, uma língua que dificilmente é escutada no campus.

Em um quadro de avisos na entrada do campus, há quatorze recados deixados por professores. Oito escritos em tétum, quatro em indonésio e dois em inglês. Nenhum está escrito em português.

Por mais estranho que pareça, a experiência do Timor Leste não é incomum, disse Robert B. Kaplan, um antigo co-editor do periódico 'Current Issues in Language Planning'.

A imposição de novas línguas nacionais acontece quando países são colonizados e também quando são descolonizados, disse ele. Às vezes, como no caso do Timor Leste, isso acontece pela segunda vez quando o país é novamente descolonizado.

Os problemas de língua no Timor Leste são os mesmos de muitos países que tornam decreto a mudança de língua, complicando a rotina diária do país e separando o povo de sua história e literatura, a qual foi escrita no que talvez vá se tornar uma 'língua alienígena'.

No Azerbaijão, por exemplo, uma ex-república socialista soviética que agora é completamente independente, uma simples mudança no alfabeto, do cirílico para o romano, criou uma nova classe de 'analfabetos'.

Os tribunais do Timor Leste estão entre as instituições mais afetadas. Traduções entre português, tétum e indonésio levam a um jogo de telefones que acarreta na freqüente distorção dos depoimentos.

Durante eleição parlamentar recém-completada, as coletivas de imprensa eram ministradas em quatro línguas, muitas vezes produzindo diferentes versões da notícia.

No 'Timor Post', um jornal em língua inglesa, jornalistas disseram que não conseguiam ler as declarações do governo em português, então eles as ignoravam.

O número relatado de falantes do português em Timor Leste varia muito, talvez devido aos diferentes critérios para definir a fluência e talvez ainda por causa dos efeitos dos atuais programas de treinamento na língua.

A ONU relatou em 2002 que somente 5% da população que é de 800.000 pessoas
falava português. No censo de 2004, 36% alegaram ter "aptidão para o português", disse Kerry Taylor-Leech, lingüista da Universidade de Griffith na Austrália, que escreve sobre as línguas do Timor Leste. "Desde a década de 90, pode-se perceber que uma mudança de língua está acontecendo," ela disse "As mudanças em relação ao que eu já vi estão acontecendo bem rapidamente."

De acordo com o censo, 85% dizem ter aptidão para o tétum, 58% para o indonésio e 21% para o inglês.

A nova Constituição estabelece o português e o tétum como as duas línguas oficiais do país, mas tétum é visto como uma língua não desenvolvida e pouco rebuscada (thin), e a maioria dos negócios oficiais do país é conduzida em português.

"Esta é uma decisão política e eu tenho que acatar, quer eu goste ou não," disse a juíza Maria Pereira, funcionária do tribunal do distrito de Dili, que fez um curso intensivo e agora escreve suas sentenças no que ela chama de um português bem razoável. "Eu não tenho escolha. Como juíza, eu tenho que cumprir a lei".

Alguns jovens falantes de indonésio, que a princípio se opuseram ao uso do português, agora dizem adotar a nova língua como forma de enriquecer e desenvolver o tétum. Cerca de 80% do tétum já é composto de palavras emprestadas ou influenciadas pelo português, disse a Sra. Taylor-Leech, embora ela diga que, falar português, dificilmente levará a um aumento deste número.

Outra abordagem vem do presidente José Ramos - Horta, um dos autores da lei referente à língua portuguesa. "Nós temos que repensar nossas políticas com relação à língua", disse ele em entrevista por telefone.

Em um primeiro passo, disse ele, o inglês e o indonésio deveriam se juntar ao português e ao tétum como línguas oficiais. "Eu não vejo problema algum em um país ter quatro línguas oficiais."

Mas o seu plano não para por aí, dando a entender que questões sobre a língua poderiam ocupar o país nos anos que estão por vir.

Assim que eles estivessem acostumados às quatro línguas oficiais, disse ele, "Nós podemos dar ao povo a opção de escolher duas delas como obrigatórias."


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A versão em português me foi passada no groups.yahoo.com/group/CVL/

6.8.07

Alguns artigos na Web

Leia alguns de meus artigos que estão disponíveis na Rede. Veja na seção Fios que se entretecem, no lado esquerdo do blog.

3.8.07

Cartografia

Achei bastante interessante a exposição virtual de cartografia, no site da Bibliothèque Nationale de France
As regiões, cidades, países, enquanto objetos simbólicos (Orlandi, 2001)representados em diversas versões, por conta de sua inscrição histórica/ideológica.

ORLANDI,E.P. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos.Campinas,SP: Pontes, 2001.

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