midiautoria

Midiautoria é um espaço para se falar sobre ser autor em uma sociedade midiatizada. Sentidos circulam nos/ por intermédio de diversos instrumentos tecnolingüísticos, constituindo efeitos de sentidos. Pensar, aqui, sobre as materialidades e suas potencialidades para um processo de autoria, que implica sempre heterogeneidade, acaba por nos colocar no movimento de ser autor.

Nome:

Doutora em Educação e estudiosa na área de tecnologia, em uma perspectiva discursiva.

24.10.07

Campinas, por Pereira dos Santos

Ode a Campinas


Odeio e te amo, ó Campinas – minha Lésbia, minha Musa - Como a de Catulo e Matos com suas liras maledicentes

Ó Campinas, tu Campinas, ó Campinas, Campinas do Matogrosso, Campinas da Freguesia da Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Matogrosso, Campinas da Vila de São Carlos, Campinas de Barreto Leme, Campinas do Brasil, Campinas de São Paulo, Campinas dos paulistas, Campinas dos brasileiros e, sobretudo Campinas dos campineiros

Campinas dos burgueses boçais, dos pobres sem fé e sem futuro, dos barões e impérios de café que poram esta, outrora vila do açúcar acima, nos mapas dos cifrões ao troco de milhares de negros assassinados

Campinas das grandes fazendas que ostentaram todo o luxo e riqueza e que hoje não passam de museus que abrigam fantasmas de um passado longínquo, medonho, glorioso

Campinas com status de capital falida e carpira, envolvida na mortalha da febre amarela

Campinas das revoluções, destroçada pelas bombas vomitadas pelos bombardeiros de Vargas; Campinas de Carlos Gomes que rege seu O Guarani se contorcendo em seu túmulo ao som de marcha fúnebre

Campinas de Toninho que um dia sonhou ser uma Campinas mais justa e que hoje, não passa de uma Campinas mais violenta, feia e suja ( aliás, Campinas, onde estão os assassinos de Toninho?!)

Campinas de um Taquaral, de um Jequitibá e de um Parque Ecológico fleumáticos, chatos, sem atrativos, monótonos

Campinas da Francisco Glicério adoecida no caos do trânsito selvagem e insuportável

Campinas do formigueiro humano da 13 de Maio

Campinas que abrigam em suas praças, ruas e avenidas prostitutas e travestis ao custo de 20,00 reais

Campinas dos calçadões e das igrejas antiquárias que fecham os olhos às crianças abandonadas, aos mutilados, mendigos, bêbados e vagabundos jogados a esmo, vivendo das migalhas do povo e agonizando em sarjetas e escadarias à luz do dia

Campinas do capitalismo, do consumismo, da fartura, da riqueza, dos rios de dinheiro; do bilhete único e da entrada de cinema que custam os olhos da cara

Campinas que segue fielmente a máxima da Flâmula Nacional, iniciado por Comte: “ Ordem para os pobres e progresso para os ricos.”

Campinas de Hilda Hilst – esta imortalizada no esquecimento do nada; Campinas das favelas imundas, barrentas e fétidas que poluem a visão de todos os cidadãos campineiros que querem ver uma Campinas prodigiosa

Campinas dos condomínios faraônicos onde filhos de médicos e advogados se masturbam e se drogam em banheiros de 2.000 reais

Campinas das senzalas, dos quilombos; Campinas dos escravos, parte primordial dessa amálgama de gente e concreto

Campinas do Centro de Convivência, lugar das tribos; Campinas dos trens e trilhos apodrecendo, de times de futebol que simbolizam o espírito da cidade: O FRACASSO!

Campinas das charnecas, dos Bandeirantes, Bucaneiros do Sertão – tão assassinos quanto desbravadores – que fizeram do campinho, este lugar que ponho a cantar Campinas

Campinas da Anhangüera - via do progresso - onde aspirantes de suicidas tentam se jogar de suas passarelas, via do progresso - que impulsiona com toda velocidade a carga de um milhão de reais em cocaína e maconha que sustentarão famílias e criarão milhares de novos empregos

Campinas, a cidade do medo, ontem e hoje; megalópole do futuro, dos operários indefesos, dos festins homossexuais, Campinas dos políticos tão sujos quanto o Piçarrão, no qual suas águas turvas e lamacentas banham não só seu caminho natural mas a Câmera e a Prefeitura Municipal

Campinas que já desabou como Seo Rosa – apático, triste, jogado em sua solidão e desesperança; Campinas dos pedintes de esmola sem graça que ficam por aí empestando todos os semáforos, fazendo disso a mais nova profissão que logo exigirão carteira de trabalho assinada

Campinas dos teatros que estão caindo suas paredes e reputação, dos camelôs e carrioleiros que se espremem em ruelas e becos de submundos ocultos em meio à selva de pedras

Campinas dos perueiros, das espeluncas chinesas que alimentam o nojo através de pastéis e salgados de aspectos repugnantes

Ah! Campinas! Campinas! Minha Lésbia que beijo e escarro, cidade lúgubre, minha noiva soturna, escreverei epitáfios e sonetos póstumos pra ti e lerei no Saudade, que há de ter mais animação que qualquer outra coisa que viva em suas entranhas,ó Campinas

Campinas! Não sou bicho do mato não, sou bicho do asfalto: respiro fumaça e me alimento de poluição; Campinas que me viu nascer, que me acolheu, que me viu crescer e que quer me ver morrer sobre teu solo maternal

Ó Campinas me ame, sou teu filho

Campinas eu sou Elesbão

Campinas eu sou Mané Fala Ó

Campinas eu sou o Politizador

Me ame, Campinas, me ame tanto quanto amou Carlos Gomes e Campos Sales

Ó Campinas descobri que te odeio mais que te amo, mas que quando amo, é um amor visceral como este

Campinas dos sonhos interioranos, dos sossegos carpiras deitados em redes de descanso, Campinas dos “erres” carpiras, Campinas dos carpiras; dos retratos preto e branco, empoeirados de uma Campinas perdida em algum tempo distante; Campinas dos meus tempos de infância que não voltam mais, de ficar jogando bola na rua com os pés descalços, brincando de pega-pega, de esconde-esconde e de ficar sacaneando as campainhas da vizinhança; Campinas das brincadeiras, correndo debaixo de chuva; Campinas das manhãs de domingo ensolaradas, do Tio Tabajar levando a matilha de primos pra brincar no parque; de ficar trepado no pé de manga e no pé de goiaba pra ficar chupando manga verde e comendo goiaba madurinha; Campinas boa, Campinas morta, Campinas da casa de meus avós; Campinas de luz pálida, das músicas de velório; das alcatifas dos caixões onde posso deitar-me, dormir e sonhar; ver estrelas, sereno, tranqüilo... Aqui na amistosa Amadeu Mendes, na aconchegante Vila Lemos...


Ah!Campinas! Eu morro junto com você!

Pereira dos Santos

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22.10.07

Festival Multimídia na UFSCar

1º Festival Multimídia de Rádio, TV, Cinema e Arte Eletrônica
22/10/2007

O 1º Festival Multimídia de Rádio, TV, Cinema e Arte Eletrônica, promovido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), será realizado de 22 a 25 de novembro.
Na programação, diversos workshops sobre TV, rádio, cinema e uma mesa para discutir conteúdo no mundo digital para educação.

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12.10.07

As práticas da escrita

Roger Chartier publica artigo no Le Monde:

11.10.07

sobre Web 2.0

Interessante vídeo sobre Web 2.0
Web 2.0

8.10.07

Saber Urbano e Linguagem

V Encontro internacional Saber Urbano e Linguagem - Produção de Consenso e Políticas Públicas.
Programação em Labeurb

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IGF DOCUMENTO MANIFESTO

Contribuição de organizações da sociedade civil e pesquisadores brasileiros ao II Internet Governance Forum (IGF)

1) Introdução

Entre os dias 03 e 04 de julho (São Paulo) e 12 e 13 de setembro (Rio de Janeiro) várias entidades da sociedade civil e pesquisadores brasileiros se reuniram para debater a pauta do Internet Governance Forum (IGF), a se realizar na cidade do Rio de Janeiro, em novembro deste ano. Posteriormente, o debate prosseguiu através de uma lista de discussão na Internet.

Agora, tornamos público este documento que reproduz o resultado consensual de nossas demandas ao IGF. Esperamos com isso contribuir para que o Internet Governance Forum venha a ter o “enforcement” necessário para cumprir o mandato que lhe foi conferido pela Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI).

2) Recursos críticos

2.1 - Nomes e números
- Defendemos a internacionalização da ICANN, de forma a garantir que a entidade seja:
Livre da possibilidade de captura por parte de interesses comerciais;
Livre de legislações nacionais;
Livre das demandas advindas do MoU (Memorandum of Understanding) com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos;
“Multistakeholder, transparente e democrática”.

2.2 – IPv4 e IPv6
- Entendemos que os números de IP são bens públicos globais e devem portanto ser assim tratados pelos governos, organizações e empresas responsáveis pelo seu gerenciamento. Desta forma instamos o IGF
a garantir a redistribuição gratuita dos Ipv4.

- Considerando-se a desigualdade e injustiça da atual distribuição, instamos o IGF garantir que a redistribuição dos números IP irá priorizar os países em desenvolvimento, com especial atenção aos menos desenvolvidos.

3) Acesso

Princípio: “Sendo a comunicação um direito humano fundamental, o acesso universal às TICs é indispensável para a garantia ao pleno desenvolvimento humano.”

Deste modo, instamos o IGF a:

3.1 - Infra-estrutura física
- Garantir a neutralidade da rede diante de controles no tráfego de conteúdo, com fins políticos e/ou comerciais.

3.2 - Interconexão
- Buscar que o roteamento ocorra cada vez mais próximo de onde o tráfego é gerado.

- Solicitar à União Internacional de Telecomunicações (UIT) que torne público, através da publicação de relatório anual, a ser apresentado em cada edição do IGF, os custos de interconexão internacional.

- Fomentar estruturas normativas que estabeleçam tratamentos equilibrados/equânimes para tarifas de interconexão.

3.3 - Capacitação
- Fomentar, com recursos nacionais e internacionais, políticas de incentivo à capacitação para o uso autônomo e pleno uso do potencial das TICs.

- Elaborar um informe anual, a ser apresentado em cada edição do IGF, sobre os usos e resultados dos projetos de financiamento das TICs para o
desenvolvimento.

4) Diversidade

Instamos que o IGF:

- Fomente, com recursos nacionais e internacionais, projetos para a oferta de conteúdos em domínio público nas línguas locais, nas formas oral e escrita .

- Promova padrões abertos como forma de universalização do acesso a conteúdos, garantindo a interoperabilidade e a acessibilidade.

- Apóie a internacionalização dos nomes de domínio em línguas locais.

5) Abertura

- Exigimos a garantia do pleno direito à liberdade de expressão por todas as pessoas, sem prévio controle, exercido em conformidade com os tratados e convenções internacionais de direitos humanos

- Instamos o IGF a garantir a promoção dos padrões abertos (e do software livre) como condição para a autodeterminação tecnológica dos povos. Assim como, a disponibilização de conteúdos com licenças livres, garantindo o livre acesso e circulação de conhecimentos e culturas.

- Propor a harmonização das legislações internacionais no que diz respeito às limitações, exceções e uso justo das leis de propriedade intelectual em conformidade com os objetivos estabelecidos pela Agenda do Desenvolvimento da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), conforme o documento WO/GA/31/11 de 27 de agosto de 2004.

- Promover a disponibilização de conteúdos com licenças livres, garantindo o livre acesso e circulação de conhecimentos e culturas.

6) Segurança

Instamos o IGF a:

- Promover a criação e fortalecer as redes de cooperação intersetorial (multistakeholder) no desenvolvimento de ações preventivas e repressivas aos crimes cibernéticos. Estas ações devem ser realizadas a partir da estrita observação aos Direitos Humanos, assim como aos Tratados e Convenções ratificados pelos governos que garantem a dignidade da pessoa humana.

- Fomentar políticas de segurança que respeitem o direito de privacidade. Qualquer investigação deve ser realizada segundo os princípios da ampla defesa, do contraditório e do caráter confidencial das informações pessoais que constam no processo.

Assinam este documento:
Associação Software Livre
Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Coletivo Intervozes
Grupo de Pesquisa em Políticas para o Acesso à Informação (G-Popai) da Universidade de São Paulo (USP)
Instituto Brasileiro de Política e Direito da Informática (IBDI)
Instituto de Direito do Comércio Internacional e Desenvolvimento (IDCID)
Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação (NUPEF) da Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS)
Alessandro Octaviani – Direito GV São Paulo
SaferNet Brasil
Ana Silvia Couto de Abreu (pesquisadora autônoma)
Ibase